Conteúdo do livro
Neste livro, o professor Reijer Hooykaas oferece aos leitores uma visão nuançada e erudita sobre as bases filosóficas e teológicas da ciência moderna. Ora, evitando constantemente as armadilhas típicas de muitos projetos de história das ideias movidos antes pela apologética, os quais traçam pontes imaginárias entre movimentos distintos ou inserem rupturas onde não as há, Hooykaas, pelo contrário, esmiúça as ideias dos filósofos, cientistas e teólogos abordados, para em seguida relacioná-las e cotejá-las, mostrando assim os avanços, retrocessos, continuidades e descontinuidades ao longo do desenvolvimento do projeto científico moderno.
Desse modo, o autor demonstra, por meio de vigorosa pesquisa, como os debates filosóficos na Antiguidade clássica e as discussões teológicas desde os primórdios do cristianismo (mas especialmente as do fim do medievo e as da Reforma Protestante) constituíram, respectivamente, “os ingredientes corporais da ciência” e “suas vitaminas e hormônios”, nas palavras do próprio autor.
O resultado de seu trabalho é, portanto, uma interpretação original da história da ciência, que leva em consideração, a todo momento, tanto os fecundos diálogos quanto os colossais embates intelectuais, ao longo dos últimos milênios, acerca da real — ou ao menos a mais confiável — interpretação da natureza; da função e limites da razão; e da forma legítima de ação humana no mundo.
— Dr. Fabrício Tavares de Moraes
Tradutor, ensaísta e Professor do Curso de Licenciatura em Linguagens e Códigos da Universidade Federal do Maranhão
A ciência é uma das atividades humanas de maior evidência em nossos tempos. Ousaria dizer até mesmo que é a liturgia da pseudo-religião contemporânea, um produto da evolução de um iluminismo exagerado que absorveu um pouco do relativismo pós-modernista, misturando um bom bocado do otimismo modernista com a mutação de uma filosofia especulativa para uma metodologia experimentalista. No livro A religião e o desenvolvimento da ciência moderna, Hooykaas explora os laços entre a cosmovisão ocidental, de caráter religioso e transcendental por natureza, e o desenvolvimento da ciência moderna. Em uma costura intrigante e ao mesmo tempo erudita e acessível, o professor de História da Ciência passeia pelo horizonte histórico, religioso e cultural de nossa civilização. Publicado pela primeira vez em 1972, este pequeno livro é um sucedâneo da obra primordial de Thomas Kuhn sobre a história da ciência: A estrutura das revoluções científicas. Embora sua linha se assemelhe em diversos pontos à obra de Kuhn, o leitor não deve em nenhum momento subestimar a contribuição do Professor Hooykaas, que nos traz desde a Grécia Antiga até à Revolução Científica da Modernidade e levanta insights importantes que nos ajudam a compreender o porquê de o florescimento da ciência ter ocorrido na cristandade. Em tempos de ciência intransigente e até mesmo irracionalmente otimista e inconsciente de suas origens, esta obra resgata a perspectiva das eras e o valor da cosmovisão cristã na fundamentação do pensamento científico.
— Dr. Hélio Angotti Neto
Presbítero, Médico, Professor da UNINOVE e atual Secretário Nacional de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde