Prefácio
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Há muito tempo a Nova Zelândia é conhecida por sua tranquilidade, qualidade de vida e liberdade econômica. Minha esposa e eu estivemos lá há algum tempo e ficamos impressionados com a beleza e a paz daquele país. Vera Mae disse que, se pudesse viver em outro lugar que não nos Estados Unidos, escolheria morar lá.
Enquanto escrevo as palavras deste livro, nosso coração se entristece com a notícia de que um atirador matou cinquenta muçulmanos em seus locais de culto na cidade de Christchurch. A Nova Zelândia, por muitos anos um lugar pacífico e seguro, se encontra agora atemorizada pelo ódio étnico e pela violência. Por volta da mesma época, aqui nos Estados Unidos, assistimos ao assassinato de onze judeus na Sinagoga Árvore da Vida, em Pittsburgh, na Pensilvânia, e ao assassinato de uma jovem branca em Charlottesville, na Virgínia, que protestava contra as palavras de ordem de supremacistas brancos que marchavam pelas ruas exibindo símbolos nazistas.
Eu já vivi tempo suficiente para não ficar alarmado com qualquer coisinha, mas vejo algo acontecer nos Estados Unidos e pelo mundo afora que precisamos controlar. Se não o fizermos, isso nos destruirá.
Quando escrevi One Blood: Parting Words to the Church on Race and Love [Um só sangue: Últimas palavras para a igreja sobre raça e amor], em meu coração eu quis fazer as pessoas entenderem que existe apenas uma raça: a raça humana. E que todo ser humano é criado à imagem de Deus e tem dignidade e valor. Cada indivíduo ― negro, branco, hispânico, asiático, judeu, muçulmano ― é criado à imagem de Deus! Do fundo do coração, acredito que a igreja é responsável por conhecer essa verdade e vivenciá-la. One Blood foi uma mudança de paradigma. Nosso comportamento mostrava que pensávamos haver muitas raças: a negra, a branca, a hispânica, a asiática e assim por diante. Mas, na verdade, existe apenas uma e somos idênticos uns aos outros, com exceção de 0,1% de nossa composição, responsável pela cor da pele e a aparência física.
Este livro é a progressão daquela mensagem. É a mensagem do discipulado que decorre de nossa salvação pelo sangue de Jesus. Como viver esse novo paradigma de unidade? Como concretizamos esse novo paradigma de unidade? Como superamos as fronteiras e os muros que nos separaram segundo barreiras étnicas, econômicas, sociais e de classe? Existe um bálsamo de cura para a doença pecaminosa do ódio e do preconceito étnicos?
O apóstolo João disse isso de forma muito clara nas Escrituras: “Se vivemos na luz, como Deus está na luz, teremos comunhão [amizade] uns com os outros” (1Jo 1.7a). Meu argumento é que a amizade é o caminho para superar as barreiras que nos separam há tanto tempo. Amizade é discipulado em ação. Deus nos chama para uma amizade profunda consigo próprio e com todos os seus filhos, o que contrasta fortemente com o modo como falamos hoje de “amigos”. Muito se fala em amizade por causa do Facebook e da internet. Você pode conseguir amigos e “curtidas” e começar a se sentir bem consigo mesmo, dependendo de quantos você acumular. Nossa fundação, a John & Vera Mae Perkins Foundation, tem cerca de 3.500 curtidas no momento, e suponho que isso seja um bom número. Mas não tenho certeza se esse tipo de amizade é forte o suficiente para nos fazer atravessar os obstáculos que nos isolam uns dos outros. Acredito que a pessoa pode ter muitos amigos desse tipo e ainda assim se sentir sozinha, isolada e com medo.