Prefácio
Durante os últimos oito anos passei mais tempo estudando o Evangelho de João que qualquer outra parte das Escrituras. Isso demonstrou ser uma lição de humildade. João é simples o bastante para uma
criança ler e complexo o bastante para exaurir a capacidade mental das
maiores mentes. Como disse um comentarista, o livro é como uma piscina
em que uma criança pode brincar e um elefante pode nadar. Não sou um
elefante; mas tomei consciência dos muitos pontos cuja profundeza está
além do meu alcance.
Até agora, o que escrevi a respeito desse Evangelho foi preparado para
o ministro de boa formação ou para o estudante sério e só está disponível
em publicações ou em livros que não costumam ser lidos pelo leitor comum.
No entanto, estou cada vez mais convencido de que aqueles de nós que pela
graça de Deus tiveram o privilégio de passar muito tempo estudando as
Escrituras devem o fruto de seu trabalho não só à comunidade acadêmica,
mas também à igreja em geral. Há necessidade tanto das abordagens acadêmicas como das populares; mas este volume pertence à segunda categoria.
Ele se originou de uma série de palestras ministradas em várias conferências
no Canadá e nos Estados Unidos. Estas foram retrabalhadas e reescritas como
Prefácio
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10 O DISCURSO DE DESPEDIDA E A ÚLTIMA ORAÇÃO DE JESUS
ensaios, forma mais adequada à página impressa do que um sermão; no entanto,
abstive-me propositalmente de eliminar todos os traços da forma anterior.
É comum na comunidade acadêmica afi rmar que o Jesus histórico foi
responsável por muito pouco do ensino registrado em João 14—17. Ficará
rapidamente óbvio que não sou tão cético. Com alguma hesitação, abstive-
-me de acrescentar um apêndice para explicar minha abordagem às questões
histórico-críticas (como fi z em The sermon on the mount: an Evangelical exposition of Matthew 5—7, também publicado pela Baker);1
e só raramente aludi
a questões de autenticidade ao longo da exposição. Os interessados em saber
como eu abordaria tais problemas podem ler “Current source criticism of the
fourth Gospel: some methodological questions” (in: Journal of Biblical Literature
97 [1978]: 411-29), e “Historical tradition in the fourth Gospel: after Dodd,
what?” (in: D. Wenham, org., Gospel Perspectives [1981], vol. 2.
Renae Grams e Karen Sich datilografaram o texto com exatidão, efi cácia
e animação características; e sou muito grato.
Oro para que estes breves estudos sejam tão proveitosos espiritualmente
para aqueles que os leem como foram para mim enquanto os preparava. Mas,
acima de tudo, oro para que este volume encoraje muitos a voltarem repetidamente às próprias Escrituras. Tudo o que nos ajuda a melhor entender,
obedecer e acreditar na Palavra de Deus contribui para nosso bem-estar eterno;
mas a fonte última desse bem-estar é tão somente Deus.
Soli Deo gloria.
D. A. Carson,
Trinity Evangelical Divinity School,
Deerfi eld, Illinois,
fevereiro de 1980